quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Recompensa...

Hoje fui almocar com a Cyrus na escola. A Cathy estava substituindo a professora dele hoje. Sandwishe de galinha, milho, salada e pessego em calda para sobremesa. Depois do almoco os coleguinhas dele pediram para mim ficar pro intervalo e jogar bola no patio da escola com eles.
Dividimos os times e jogamos futebol num dia lindo de outono, ceu limpo, temperatura agradavel e uma brisa que faz lembrar Rio Grande em seus melhores dias.
O Cyrus e muito ruim de bola. Agora sei como deve ter sido frustrante pro meu pai me ver jogar na rua. Isso que ao contrario dos outros meninos da classe ele treina. E legal que aqui as meninas jogam tambem e elas sao mais competitiva que os garotos.
Foi bom de mais, suei correndo com a criancada, vi quem sera muito em breve minha esposa e filho. Tive sobremesa, corri, cai, sorri... Quem dera todos tivessem a oportunidade de pelo menos uma vez por semana saber o que e esse sentimento de felicidade nas coisas simples.
Hoje a noite o compromisso e com a Emma. Ela fara sua primeira apresentacao no coral da cidade. Sera de musicas de natal em umas das muitas igrejas daqui. Amanha ela tem outra apresentacao em uma cidade a 60km de Fort Smith.
Mas ter filho aqui e assim, faz mais falta um chofer que uma baba. E correndo com eles de uma lado pro outro, entre treinos de futebol, basebol, ensaio de coral, teatro e festas de aniversario vamos marcando presenca na vida deles e recebendo momentos com hoje no almoco.

Fausto De Sanctis

Sou fa do Juiz De Sanctis. Com tantos desparatos de Gilmar Mendes, presidente STF, e no juiz Fausto De Sanctis, emblema desta nova geracao (nem tao nova assim) de juizes corajosos e de principios que coloco minhas esperancas num pais melhor e mais justo.
O juiz De Sanctis recusou sua promocao a desembargador.
Abaixo, sua nota comunicando a decisao:

"Diante do interesse público gerado acerca da inscrição para a promoção por antiguidade deste magistrado ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região, cabe-me esclarecer o que segue:

1. Este magistrado tem conhecimento da relevância do cargo de Desembargador Federal do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, maior Corte Federal brasileira, que compreende causas oriundas dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul;

2. Manifestações apoiando a minha promoção foram realizadas, como também não a apoiando, estas últimas em especial por parte de brasileiros que desconheço, mas que confiam no trabalho deste magistrado. Agradeço a todos sem exceção;

3. Durante os últimos 30 dias do prazo para a inscrição à promoção, houve de minha parte intensa reflexão, que tem sido para mim árdua porquanto a antiguidade, como critério objetivo, constitui-se, por ocasião de sua incidência, o momento natural de promoção do magistrado, daí a relevância deste esclarecimento à população;

4. A perplexidade, contínua, tem me revelado, quiçá, que a decisão não se encontraria madura para ser adotada de imediato. Tratar-se-ia de decisão pautada na incerteza, fato que poderia levar a interpretações equivocadas e teoricamente incompreensíveis para um magistrado;

5. Não se trata de menoscabo ou desprezo de cargo relevante, muito menos de apego ou desapego;

6. De certo em alguns meses novo edital de promoção possivelmente se efetivará e novas vagas surgirão, de molde que esta minha decisão é temporária;

7. Importante pontuar que num Estado de Direito não há espaço para pessoas insubstituíveis, caso em que significaria a total falência das instituições;

8. O trabalho que está sendo executado na Sexta Vara Federal Criminal de que sou titular por muitos anos, com a importante ajuda de um corpo de abnegados funcionários, não se restringe a esta ou àquela hipótese, mas a uma soma de ações que visa a melhor entrega da tutela jurisdicional;

9. A inamovibilidade do magistrado afigura-se prerrogativa justamente para permitir a sua remoção ou promoção quando do momento considerado apropriado. Trata-se de um direito subjetivo e necessário;

10. Não é a primeira vez que um magistrado deixa de se promover a um Tribunal por vontade própria e, provavelmente, nem será a última. Há muitos casos tanto na esfera federal, quanto na estadual;

11. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região e seus membros são merecedores de grande respeito pelo que representam e realizam. Acredito na Corte Federal e na sua importância. Contudo, não é possível adotar uma decisão sem estar inteiramente convencido de seu acerto;

12. Acima de tudo, o respeito e a dignidade do ser humano sempre têm que ser preservados, não importando a profissão ou o cargo que ocupa ou o local onde é exercido. Juiz é sempre juiz, independentemente da instância ou de sua nomenclatura."

Para quem nao le jornal ou ve TV, O Juiz De Sanctis foi quem mandou Daniel Dantas duas vezes para a cadeia em um dia. (Gilmar Mendes foi quem mandou soltar). O Juiz De Sanctis, recusando a promocao, continuara no comando do processo contra Daniel Dantas e sua patota.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Grande milagre


Apesar de todas as diferencas entre os homens nossos valores e crencas mais profundas nos aproximam instintivaly e faz da humanidade este ser quase divino que e capaz das maiores maravilhas.
Cada homem e um ser unico, com singular experiencias e singulares respostas para o mesmo problema. A maior prova da individualidade do ser humano esta em sua relacao com Deus. Religioes desde sempre tem tentado uniformizar esta relacao e regular a fe dos homens como individuos mas, mesmo em uma religiao com milhoes de adeptos nao se encontrara dois participantes que tenham identica ideia e que experenciem Deus da mesma forma. Nao digo isso como uma critica a religiao mas, como um exemplo de quanto cada um de nos e diferente e unico.
Mesmo com todas essas diferencas e sendo criaturas singulares o homem encontra na associacao o fator comum que nos une e nos projeta. O homem necessida dessa associacao para simples sobrevivencia. De todos os animais do planeta o ser humano e o que necessita mais tempo e atencao da mae e da familia para sobreviver. Esta caracteristica segundo a antropologia e o que nos da a imensa vantagem sobre os outros animais. Esta fraquesa nos permite tempo o suficiente para aprender as experiencia das geracoes anteriores. Imagine se cada geracao nao pudesse passar seu conhecimento para a proxima. Quantas geracoes foram necessaria para que aprendessemos plantar nossos alimentos e quanto conhecimento acumulado desde da historia antiga foi necessario para o desevolvimento do mundo como conhecemos hoje?
A virtude de nosso progresso nao deve ser relacionada a um unico fato ou individuo mas, sim na capacidade do homem viver seus dias como se fosse imortal, sendo a morte sua unica certeza. A virtude sempre esteve no trabalho desenvolvido e passado por geracoes e na associacao deste numero infinito de individous e suas experiencias. E a cada primavera uma nova geracao ira receber a heranca do conhecimento acumulado por seus ancestrais e passar adiante com um pequena parcela extra do que foi aprendito, desenvolvido e experienciado por si mesma.
Este e o grande milagtre da humanidade.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O bom e o ruim

Ela era uma jovem talentosa e rica. Jamais conhecera dias ruins.
Crescera entre os livros, a arte e as horas de lazer.
Mas então decidiu deixar o lar paterno. Tinha sonhos grandiosos.
Inscreveu-se em um curso em país europeu e partiu. Meses depois, surpreendeu a família informando que pretendia não mais retornar à casa.
Identificava-se de tal forma com os costumes e a vida do país onde se encontrava, que se decidira por não retornar à terra natal.
Conseguir emprego para se manter foi um desafio. Falando fluentemente o inglês e o alemão, venceu barreiras.
Em uma tarde de passeio encontrou um rapaz, tão jovem quanto ela própria, e se apaixonou.
O namoro durou alguns meses, depois veio o matrimônio. Ele era escocês e logo ela descobriu que eram muito diferentes.
Ele manifestava atitudes que a magoavam profundamente. Ela se sentia só e infeliz.
Idealizara uma vida serena, a dois, e tudo o que encontrava a cada dia eram problemas se somando a dificuldades.
Recordou-se do aconchego materno e passou a telefonar para sua mãe, nas horas da madrugada, quando se sentia mais desesperada.
Não agüento mais, disse uma noite.
Que posso fazer, a tantas milhas de distância? Perguntava a mãe.
Servindo-se de palavras doces, foi acalmando a filha. E, por fim, lhe disse:
Filha, apanhe um sabonete e escreva num espelho: “Isso vai passar.” Amanhã lhe telefonarei.
Quando a noite foi vencida pela madrugada ridente e as horas vespertinas se anunciaram, ela telefonou para a filha.
Em prantos, a moça lhe disse:
Eu escrevi, mamãe, como você mandou. Mas não adiantou nada. Nada passou.
Do outro lado da linha, a voz firme da mãe se fez ouvir:
Torne a apanhar o sabonete e embaixo da frase, escreva agora: “O bom e o ruim.”
A filha não conseguiu entender muito bem o que a mãe lhe desejava dizer com aquilo, mas obedeceu.
Então, quando o telefone tornou a tocar, na rica residência dos pais, a voz da filha estava mais calma:
Eu entendi, mamãe. Entendi que devo analisar as coisas positivas, não somente ressaltar as questões ruins do meu casamento.
Escrevi tudo o que de bom já vivi com John. Quando comecei a relacionar as coisas ruins, percebi que não eram tantas quanto supunha.
Vou reformular minha vida. Vou tentar outra vez. Desejo ser feliz com ele.
Aliviada, a mãe percebeu que alcançara o objetivo. A filha estava analisando fatos e opiniões.
* * *

Não existem na Terra casamentos perfeitos. Existem, sim, casamentos harmoniosos, porque o casal se empenha em amenizar as diferenças, preocupa-se em renunciar a meros pontos de vista.
Tudo em prol da boa convivência.
Não se cogita de anulação da personalidade de um ou outro, somente em ajuste de entendimento, com paciência e boa vontade.
Mesmo porque, acima e além de tudo, existe o amor.
E o amor é capaz de superar diferenças. Promover a paz e solidificar a união.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

D de distancia

A parte mais dificil de viver longe do lugar onde nascemos e essa divisao no coracao da gente. Sempre gostei mais de multiplicacao que e o expoente de soma que divisao, a sequencia de subtracoes.
Hoje nao poderia estar mais feliz do que sou, aqui. Encontrei uma mulher maravilhosa, alem de inteligente e de eu ser extremamente atraido por ela, a Cathy tem o maior coracao que ja encontrei, ela dedica todos os minutos de seu dia para nossos filhos, para nossa familia. E assim que ela e feliz. So encontrei uma outra pessoa com esse tipo de dedicacao incondicional a sua familia. E meu pai casou com ela.
Esta semelhanca de valores, semelhanca de familia que hoje eu tenho aqui, me faz sentir muito mais proximo de casa mas, ao mesmo tempo faz a saudade apertar. Principalmente quando olho pro meu filho e lembro do meu pai. Como eles seriao felizes juntos... E milha filha iria a loucura se tivesse a oportunidade de conviver com a minha irma, Cintia, de quem ela me lembra tanto. Eu posso imaginar as horas incontaveis de conversa entre minha mae e a Cathy. E os padrinhos do(a) mais novo(a) da familia paparicando o novo afilhado.
A mente da gente e um coisa fabulosa. Como ela pode criar realidades, universos inteiros, feitos apenas na imaginacao da gente!?
Entao fica este esforco imenso de tentar unir o que esta dividido pela distancia e multiplicar as novas experiencias pelas lembrancas.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Fenomeno Obama

Para entender o impacto do fenômeno Barack Obama no imaginário do militante americnao, uma carta recebida pelo comentarista Lücio Ásfora, de uma brasileira que caiu de cabeça na campanha:

Com bastante atraso, sento no teclado para agradecer os muitos votos de parabéns que recebi na semana passada. O choro não está mais à flor da pele, como nos primeiros dias após a eleição de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos.

Quando, no dia 04, anunciaram que ganhamos Wisconsin, não foi choro que veio mas alegria pura, alívio total, exaltação. Pulamos, gritamos, nos abraçamos. Quando no dia seguinte soube que ganhamos Wisconsin, 52% a 46%, vieram as lágrimas outra vez. Afinal, Kerry levou o estado de Wisconsin em 2004 por uns 13.000 votos. Desta vez, foi por 420.000. Eis a diferença entre votar contra Bush e votar a favor de um candidato que inspira, que emociona.

Quando soube que ganhamos aqui no condado de Dane por 73% dos votos, chorei. Quando li no jornal que decretaram feriado nacional no Quênia, também chorei. Quando, pela vigésima vez, vi Obama discursando em Chicago na noite das eleições, pela vigésima vez vieram as lágrimas. Quando ouvi na rádio, pela primeira vez, alguém falar “president-elect Obama”, chorei (e todo mundo nas estações que escuto encontra desculpa para encher a boca e pronunciar essas palavras).

Quando recebi as mensagens de parabéns “aos Estados Unidos e ao povo americano”, chorei. E quando uma amiga na Rússia mandou “como presente” a letra completa da música de John Lennon Imagine there’s no countries…lágrimas não bastavam, caí no pranto.

Pela primeira vez desde o dia 11 de setembro de 2001, senti o mundo solidário com os Estados Unidos, e dessa vez não por razões trágicas, mas triunfantes.

Como não sou dada a sentimentos de orgulho, não posso dizer que cheguei a sentir orgulho do meu país, mas pela primeira vez em muitos anos, não senti vergonha de ser “American”. Mais espantoso para mim, essas palavras que sairam da minha boca sem convite: “meu país” (Está bem: um dos meus países!). A vitória de Obama, a vitória de milhões de norte-americanos, me ajudaram a aceitar esse acidente de nascença que chamamos de nacionalidade.

Tantas ‘primeiras vezes’ aconteceram juntas, grandes e pequenas, e nós aqui, nós que trabalhamos tanto para esse resultado, passamos vários dias em estado de choque, de euforia, de choro à flor da pele, de esperanças renovadas.

Começando pelo óbvio:


Pela primeira vez, os Estados Unidos elegeram um presidente negro.

Uma das perguntas feitas muitas vezes nos meses dessa campanha, foi: “Será que os Estados Unidos estão prontos a eleger um presidente negro?” Quando me dou conta de que não só fomos capazes dessa façanha sábia, mas que (por favor me corrijam se eu estou errada) somos a única nação de maioria branca no mundo a eleger membro de uma minoria como presidente, volto à sensação de estar vivendo um sonho, a minha sensação talvez algo ingênua de que um mundo melhor é sempre mais possível do que nossas amarguras nos permitem acreditar.

Pela primeira vez em época de guerra, os Estados Unidos elegeram um presidente que é contra a guerra.

Pela primeira vez, ouço da minha querida amiga Lyuda, na Rússia, que ela tem inveja de mim por eu morar nos EUA. Lyuda, que nunca quis conhecer esse país, que ama apaixonadamente sua pátria, mesmo reconhecendo muitos defeitos, que me falou em 2000, após a primeira eleição de Bush: “Não precisa ter vergonha; nós também sabemos como é ter um presidente burro”. Lyuda agora me diz ter inveja de eu poder votar e eleger um candidato que reflete a vontade do povo.

Pela primeira vez na vida dela, uma prima brasileira minha rezou para que um candidato fosse eleito à presidência.

Pela primeira vez na vida dela, uma prima minha norte-americana deu dinheiro para um candidato político. Aliás, como sabem, foi o caso com muitos eleitores.

A campanha foi construída em cima de gente do campo da “primeira vez”. Isso inclui até a Joan Baez, que pela primeira vez, apoiou candidato em campanha presidencial.

[Baez em entrevista à CNN: I've never seen this country this politically charged. I realized something this morning. I was watching Obama on TV and I thought, "I really love this guy." I love what he's capable of, I love that he's genuine. He's a statesman, and he's brilliant. People say do you think he can change America? He already has. ...]

Não foi uma vitória do partido Democrata mas das “Obama Mamas”, dos eleitores de primeira viagem (dois terços dos quais votaram em Obama), da senhora de 81 anos que fazia campanha de porta-em-porta com a filha, até uma semana antes da eleição, quando ela foi diagnosticada com câncer e, muito contrariada, teve que parar (não é folclore, ouvi da boca da filha).

Nas trincheiras foi assim: “community organization at its best”. Uma sede central em Madison, com a cidade dividida em equipes de bairro e, só Deus sabe por quê, designadas por cor. Aqui, no canto sudoeste da cidade (que é capital do estado e sede da University of Wisconsin, com 50.000 alunos), fizemos parte da equipe azul, e nos batizamos os “Barack Blues”. A maioria do pessoal da sede eram jovens contratados pela campanha (“contratados” talvez dê uma impressão errada, na medida em que não receberam tanto dinheiro quanto uma bela entrada a mais no currículo). Fora deles, todos voluntários. Desde agosto, como membros dos Barack Blues, fazíamos uma breve reunião cada terça-feira para discutir a campanha; cada quarta-feira, havia uma noite de “phone banking” (atividade em que o próprio Obama participou, até no dia 04, ligando para eleitores) e cada fim de semana, fazíamos rodadas de porta-a-porta, para identificar eleitores de Barack ou convencer os indecisos.

O elenco do nosso bairro: várias aposentadas e alguns aposentados, a maioria novatos na política. Um garoto com insuficiência cardíaca, que andava de Segway. Todas as faixas etárias (um pai que levava os filhos adolescentes juntos; uma mãe que levava os filhos pequenos). E todo sábado aparecia mais alguém que ia fazer o “canvassing” (porta-a-porta) pela primeira vez na vida.

No “canvassing”, perguntamos aos não-decididos qual o problema nacional que mais os preocupava e, a partir da resposta, explicamos porque acreditávamos que Barack seria mais capaz de enfrentar a questão, falando da forma mais pessoal possível.

“As ordens” foram claríssimas: nada de bate-boca com gente que apoiava McCain, nada de debate agressivo, mas tudo no sentido de procurar terreno comum. Ah sim, e após a indicação de Sarah Palin, nem tocar no nome dela, mas controlar nossa vontade de criticá-la.

Enfim, era para nós seguirmos o exemplo do próprio Barack, que se recusou a baixar o nível até o final, apesar de eu e muito outros acharem em certos momentos que era isso mesmo que precisava fazer. Outra vitória para a dignidade: ele nos provou errado. Como é bom ser errado de vez em quando.

Nas últimas semanas, redobramos nossos esforços nos telefones, desta vez não só procurando persuadir os indecisos, como também conseguir voluntários para os últimos 4 dias da campanha, quando foi feito o maior esforço de arregimentação de votos (Get Out the Vote, ou GOTV) na história política norte-americana.

Um aparte: indecisos? Um mês antes da eleição? Depois da indicação da Sarah Palin? Que gente é essa? Só podia ser burro, né? Pois uma dessas indecisas foi uma jovem mãe que estava estudando as plataformas dos dois candidatos a fundo, surfando a Internet, lendo tudo a respeito. De nós, queria saber mais sobre o plano de impostos. Batendo papo com ela na calçada, a vizinha do lado, fã de Barack, entrou na conversa e eu e Michael fomos embora confiantes de que a própria vizinha ia continuar o trabalho que nós começamos.

Outro indeciso foi um sujeito de uns 40 anos que ficou nos ‘testando’, numa conversa que durou quase meia hora. “Desenvolver energia alternativa vai demorar anos. Obama está errado em rejeitar desenvolvimento de campos offshore”. “Sarah Palin, afinal, foi eleita governadora, tem uma boa experiência executiva como prefeita”. E assim foi. Difícil não desesperar em certas horas, não gritar, “Ser prefeita de uma cidade de 5.000 habitantes não significa *** nenhuma de experiência executiva, sua idiota!” Em vez disso, dizer (como Michael disse): “Fui criado e passei boa parte da minha vida numa cidade de 5.000 pessoas. Conheci todos os prefeitos durante esse tempo. Foram pessoas boas, que eu respeitava. Mas nenhum deles seria capaz de governar o país”. Pois às vezes foi isso: passar além da histeria para dizer o mais-do-que óbvio numa voz calma, ao nível pessoal, ao nível que fazia o interlocutor também pensar em termos pessoais (quem é que não conhece alguém prefeito de interior nesse país de interior?)

Só duas coisas estavam meio raras durante a campanha aqui no meu bairro: membros registrados do Partido Democrata e afro-americanos.

Moramos num estado e numa cidade brancos, onde somente 6% da população é negra (comparada com 12,8% para os EUA como um todo). Um bom número dos afro-americanos na cidade de Madison -- ou seja, cerca de 12.000 pessoas -- moram num bairro só. (Preciso dizer que é o mais pobre e inseguro da cidade?). Desde agosto, acredito não ter falado com mais de duas dezenas de pessoas de cor na campanha, incluindo as casas visitadas.

Foi só no dia 04 de novembro que me dei conta de que éramos um bando de brancos trabalhando para eleger um negro.

Porque não éramos: éramos pessoas trabalhando para eleger um homem que enxerga o que temos em comum uns com os outros, não o que nos divide; um homem que sabe sermos todos de cor: alguns de cor negra, outros de cor vermelha, outras de cor branca. Outro espanto desse processo, outra razão para festejar esse momento da história.

Pela primeira vez, não há mais racismo nos EUA.

Sim, declaração absurdamente apócrifa. Mas estamos curtindo uns dias de achar tudo um pouco mais perto do possível, de achar que podemos ser melhores do que sempre fomos.

Elegemos o primeiro presidente negro. E atualmente só temos um senador e um governador afro-americanos. Avançamos por polegadas e por pulos quilomêtricos.

Como eu não tenho assinatura a jornal, no dia 05, saí a procura de um com aquela manchete [!]. Pela primeira vez na minha vida, não encontrei jornal nenhum nas bancas – nenhum “Wisconsin State Journal”, nem “Milwaukee Sentinenal”, nem “Chicago Tribune”, muito menos “New York Times”. Quando entrei na loja de conveniência, veio uma mulher logo atrás, dando grito de desespero. Vendo minha cara de igual decepção, e meu button de Obama, ela disse que já tinha procurado pelo bairro inteiro. Estávamos as duas pulando de energia. Reclamamos que não decretaram feriado nacional. Saímos juntas, felicíssimas de estarmos sofrendo essa frustraçãozinha.

Fui então à farmácia, perguntando pelo jornal. A caixa, uma linda moça negra, me explicou que já havia fila na porta quando a loja abri de manhã e que levaram todos os jornais. Quando ela me perguntou onde eu havia conseguido o button de Obama, eu disse que tinha mais em casa, e dei para ela. E pela primeira vez, ficamos batendo um papo demorado. Ela me estava falando da felicidade dela em saber que a filha, de 4 anos, poderia um dia abrir um livro de história e ver…e aí parou, olhou para minha cara e não sabia como terminar. Talvez lembrando-se dos ataques feitos à Michelle Obama, depois dela ter declarado durante as eleições primárias, que “pela primeira vez, senti orgulho de meu país”. Pela enésima vez, eu e a moça lembramos que habitamos mundos circunvizinhos porém distintos. Sim, ela sabia que eu apoiava Obama, mas e daí? Até que ponto eu poderia entender os sentimentos dela nesse momento?

Como foi a emoção, o sentimento, de um afro-americano ao ver um negro eleito presidente? O que passou pela cabeça, pelo coração? Aquele rapaz de 15 anos num bairro pobre, que só ouve “não pode” da sociedade? Podemos nos emocionar com as caras e as lágrimas de Jesse Jackson e Oprah Winfrey, e certamente com a letra de Will.I.Am em “It’s a New Day”: I went to sleep last night tired from the fight. I’ve been fighting for tomorrow all my life. Yeah, I woke up this morning feeling brand new, cause the dreams that I’ve been dreaming has finally came true). Afinal, desde os anos sessenta, batalhamos por um dia novo, e tivemos nossas conquistas, como foi a campanha pelas diretas já. Mas a experiência negra americana é sui generis.

Whoopi Goldberg, no programa The View, falou mais ou menos assim: “sempre me senti americana, com toda a promessa desse país. Nunca senti que eu não pertencia. Mas de repente, depois de anunciada a vitória de Obama, tive a sensação que finalmente eu podia largar a minha mala”.

No nível socio-cultural, só posso respeitar as palavras da Whoopi sem entendê-las ao fundo. Porém, no nível pessoal, reconheço-me, e, egoisticamente, dou-me conta de que essas eleições me trouxeram um ganho inesperado. Pela primeira vez, desde que saí do Brasil em 1999, e apesar das imensas saudades com as quais convivo diariamente, finalmente posso largar minha mala também. Pela primeira vez, sinto-me em casa neste país que fiz meu."

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O chamado

Tem certas historia e estorias das cidades do interior do Rio Grande do Sul que sao no minimo curiosas. Com personagem peculiares como Dircei "Loca", Joao "Loco", Jorge Americo... Hoje lendo as noticias do Brasil me deparei com mais uma dessas curiosas historias.

Idosa morre ao ser atingida pelo caixão do companheiro

Uma mulher de 67 anos morreu na madrugada desta segunda-feira (10), depois de ser atingida pelo caixão do seu companheiro.
Segundo a assessoria de imprensa do Comando Rodoviário da Brigada Militar, a idosa estava no veículo da funerária, que transportava a urna de Tapes para Alvorada (ambas no Rio Grande do Sul), pela RS-717. Um carro bateu na traseira e o caixão acabou se deslocando e atingindo a vítima.

Desse, nem a morte a separa.

Aos inimigos a Lei.

Do blog do Nassif:


Há uma curiosa característica da formação cultural brasileira, que nem sei se chegou a ser explorada por Sérgio Buarque de Holanda e outros intérpretes da nacionalidade. É a chamada legalidade seletiva – uma versão do conhecido “aos amigos tudo; aos inimigos, a lei”.

Tem-se um país institucionalmente macunaímico, em que pequenas e grandes malandragens, pequenas e grandes ilicitudes são aceitas no jogo, sem o menor pudor. Quando se quer apanhar algum adversário ou se manipular os dados a seu próprio favor, o agente invoca as distorções seletivamente.

Exemplo? A lista dos mais vendidos da Veja (clique aqui). A lista é uma burla, do ponto de vista da metodologia adotada. Cada editora manda sua lista de livros. Para turbinar os lançamentos que interessa, apresenta como vendidos livros em consignação – aqueles entregues às livrarias, mas não vendidos ainda. Conversava outro dia com um amigo, dono de editora, e ele me confirmava que TODAS procedem assim.

A revista aceita as distorções porque permitem, a ela própria, apontar seletivamente uma ou outra editora como incursa naquela prática, para poder chegar ao resultado que pretende Foi assim para tirar da lista um livro que atacava a Abril, ou para um diretor da Veja -- Mário Sabino – incluir o seu livro entre os mais vendidos.

Dou esta volta toda para analisar esse carnaval em torno do vazamento de informações dessas operações da Polícia Federal. É um procedimento abusivo, sim. Só que foi feito durante anos e anos com cumplicidade com a própria mídia.

O carnaval em torno da Lunus – que liquidou com a candidatura da Roseana Sarney - em torno do dinheiro dos “aloprados” – com direito até a arrumar o cenário para melhorar a fotografia. Antes disso, a capa da Veja com os grampos da operação Sudene, a prisão (com algemas) do senador Jáder Barbalho, a prisão de Paulo Maluf, de Lalau.

A única vez em que o estardalhaço virou crime foi na Satiagraha, justamente a operação que investigou o maior leque de corrupção já montado no país, que provavelmente chegou ao núcleo da corrupção institucional que, nesses anos todos, envolveu empresários, políticos, magistrados, imprensa.

Significa que aquele carnaval anterior, das prisões e algemas, era defensável, por ter como alvo Daniel Dantas? Não. Acho mesmo que, em um país sério, ao final do trabalho, Protógenes deveria receber uma condecoração pelo trabalho realizado e uma suspensão pelo carnaval na mídia. Mas tudo isso dentro do campo funcional da Polícia Federal. E sem utilizar o carnaval como álibi para abafar as investigações.

A impressão que passa não é a da preocupação em coibir abusos, mas de uma ação pesada para inibir a divulgação dos dados levantados pela Satiagraha e desmoralizar não apenas o trabalho de coleta de provas da PF, mas a ação do juiz e do Ministério Público.

E qual o estopim de toda essa investigação? Um provável crime de imprensa:

Segundo a Veja desta semana:

“Já se sabe que os espiões fizeram de tudo, inclusive grampearam ilegalmente os telefones de várias autoridades, conforme VEJA revelou há dois meses, apresentando um diálogo interceptado entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). A conversa telefônica, confirmada pelas duas autoridades, foi obtida com um araponga a serviço da Abin.”

Já se sabe quem? A Veja sabe? Então por que não mostra? Aquelas generalidades contidas na capa do grampo não passariam pelo crivo de nenhuma publicação séria deste país.

Ou seja, o motivo do inquérito é a provável trama do grampo. E dessa provável trama participaram Gilmar Mendes, um senador da República e a revista Veja. Com base na mera reprodução de um diálogo, sem sequer apresentar gravações ou o papel em que foi feita a transcrição da conversa, duas corporações foram acusadas – a ABIN e a PF -, criou-se uma guerra interna terrível no serviço público.

Nenhum movimento desses paladinos da legalidade para instaurar um inquérito que seja para apurar se o grampo existiu e, não comprovando sua existência, processar os envolvidos.

Agente provocador

Agora se tem um presidente da mais alta corte batendo boca, atacando o juiz de primeira instância, em um abuso de autoridade inédito.

Além de presidente do STF, Gilmar preside o Conselho Nacional de Magistratura. Tem influência não apenas sobre o resultado final de parte dos processos mas também sobre o dia a dia da magistratura. Mais ainda, depois de conseguir 9 magistrados do seu lado, nenhum sequer ousando contestar sua atuação pública, tornou-se o Imperador do Supremo.

Quando investe contra o juiz, sua intenção óbvia é influir na decisão do juiz ou das cortes superiores. Se isso não for atropelar os procedimentos democráticos, o que seria? E esses varões de Plutarco,defensores da ordem democrática, contra o estado policial, assistem calados, ao estupro diário da Justiça.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Emma e Alexandre o Grande

A Emma precisa ler uma biografia para a escola e escrever um relatorio. Ela queria primeiramente fazer sobre Barack Obama mas, eu e a Cathy sugerimos ela a utilizar um personagem do tempo da historia que ela esta estudando na escola. Entao, surgiram nomes como Cleopatra, Julio Cesar, Platao e Alexandre o Grande.
Ontem fomos a uma enormer livraria, onde meu pai se comportaria como uma crianca no parque de diversao, e pegamos alguns livros sobre estes personagens. Como um grande fan da historia de Alexandre o Grande nao dei muita opiniao para nao influenciar a decisao dela, mas depois de ler a sinopse dos livros ela ficou extremamente impressionada com a historia deste homem que mesmo morrendo com apenas aos 32 anos tinha conquistado todo o mundo conhecido e explorado terras desconhecidas do seu imperio. Acabamos comprando dois livros sobre Alexandre.

Cyrus engenheiro!?

Nao sei se pra minha alegria ou para minha preocupacao, nao existe duvida sobre a profissao que o Cyrus ira exercer no futuro. Ele ja e um pequeno engenheiro.
Explico: Nao existe brinquedos mais interessantes pra ele do que os de montar e desmontar. Ele e o rei dos legos. Passa horas no quarto e quando sai vem me mostrar o predio, fortaleza, barco ou carro que criou com as pecas. Outro brinquedo que ele adora e um castelo enorme que ele tem que pode montar de diversas formas diferente.
Ontem levei ele ao super para comprar um brinquedo que ele queria e economizou por 6 semanas a mesada e os trocados que ele ganha limpando o jardim dos avos dele. E adivinha? O brinquedo e uma fabrica de bonecos onde ele coloca: bracos, pernas, cabecas e troncos numa linha de montagem e gira um botao para comecar a fabricacao. Montou todas as partes do brinquedo sem minha ajuda e sem olhar o manual de instrucao.
Mas existe esperanca. Ele gosta muito de animais e a unica coisa que ele assiste alem de desenhos e o planeta animal. Nos temos um jogo de perguntas sobre ecologia e ele e craque. So tem um problema, ele nao toca em bicho. Esse negocio de fazer carinho em coelhinho nao e com ele.
Entao quem sabe um engenheiro de ambiente nao esta surgindo?

Obama, discurso da vitoria!

“Oi Chicago,
Se existe alguém que continua duvidando que os Estados Unidos são um lugar onde todas as coisas são possíveis, que ainda interroga-se se o sonho de nossos fundadores continua vivo em nosso tempo, que continua questionando o poder da nossa democracia, esta noite é sua resposta.
Esta é a resposta dada por filas que se extenderam ao longo de escolas e igrejas em números que esta nação nunca viu antes, por pessoas que esperaram 3, 4 horas, muitas pela primeira vez em suas vidas, porque eles acreditaram que agora precisa ser diferente, que vocês poderiam ser esta diferença.
Esta é a resposta dada por jovens e velhos, ricos e pobres, Democratas e Republicanos, pretos, brancos, hispânicos, asiáticos, índios, homossexuais, heterossexuais, deficientes e não deficientes, americanos que enviaram uma mensagem para o mundo, que nós nunca fomos apenas uma coleção de indivíduos ou uma coleção de estados vermelhos e azuis (vermelho é a cor do partido republicano e azul a cor do partido democrata).
Nós somos, e sempre seremos, os Estados Unidos da América.
Esta é a resposta que liderou aqueles que, por tanto tempo e por tantos, escutou que deveria ser cínico, medroso e desconfiado sobre o que nós podemos conquistar ao colocar nossas mãos no arco da história e dobrá-lo mais uma vez na direção da esperança de um dia melhor.
Foi um longo tempo, mas nesta noite, pelo que fizemos nesta data, nesta eleição, neste momento decisivo, a mudança veio para os Estados Unidos.
Um pouco antes nesta noite, eu recebi um extraordinariamente cordial telefonema do senador McCain.
Senador MaCain lutou duro e por um longo tempo nesta campanha. E ele lutou ainda mais duro e por mais tempo por este país que ele ama. Ele fez sacrifícios pelos Estados Unidos que a maioria de nós não pode nem começar a imaginar. Nós somos melhores por causa dos serviços prestados por este bravo e altruísta líder.
E dou-lhe parabéns, dou parabéns tambem a governadora (Sarah) Pallin por tudo que fizeram. E eu espero trabalhar com eles para renovar a promessa da nação nos meses à frente.
E quero agradecer meu parceiro nesta jornada, um homem que acompanhou com seu coração, e falou com os homens e mulheres com quem ele cresceu junto, nas ruas de Scranton e viajou no trem para casa em Delaware, o vice-presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden.
E eu não estaria aqui nesta noite, sem o incessante suporte da minha melhor amiga nos últimos 16 anos, a pedra da nossa família, o amor da minha vida, a próxima primeira dama da nação, Michelle Obama.
Sasha e Malia (suas filhas de 7 e 10 anos de idade) eu amos vocês mais do que vocês podem imaginar. E vocês fizeram por merecer o novo cachorrinho que virá conosco para a nova Casa Branca. (desde Jim Carter a casa branca não tem criança na idade de escola primária)
E mesmo que ela não esteja mais conosco, eu sei que a dedicação de minha avó (que morreu 3 dias antes da eleição), junto com minha família, fez quem eu sou. Eu sinto a falta deles nesta noite, eu sei que minha dívida para com eles está acima de qualquer medida.
Para minha irmã Maya, minha irmã Alma, todos meus irmãos e irmãs, muito obrigado por todo o apoio que vocês tem me dado. Eu agradeço a eles.
E meu coordenador de campanha, David Plouffe, o herói não falado desta campanha, que montou a melhor campanha política, na minha opinião, da história dos Estados Unidos.
Ao meu estrategista chefe, David Axelrod, que foi um parceiro em todos os passos do caminho. Para o melhor time de todos os tempos na história da política, vocês fizeram isto acontecer e eu serei para sempre grato pelo que vocês sacrificaram e pelo que fizeram.
Mas, sobretudo, eu nunca irei esquecer a quem esta vitória pertence. Ela pertence a vocês. Ela pertence a vocês.
Eu nunca fui o candidato favorito para este cargo.
Nós não começamos com muito dinheiro ou apoio.
Nossa campanha não foi levantada nos salões de Washington. Ela começou nos quintais de Des Moines e nas salas de estar de Concord e nas varandas de Charleston.
Ela foi construída por trabalhadores e trabalhadoras que pegaram das pequenas poupanças que tinham, para doar 5 e 10 e 20 para a causa.
Ela ganhou força dos jovens que rejeitaram o mito da apatia de sua geração, que deixaram suas casas e suas famílias por um trabalho que oferecia pouco dinheiro e menos sono.
Ela drenou força dos nem tão jovens, que enfrentaram o amargo frio e calor escaldante para bater nas portas de perfeitos estranhos, e dos milhões de americanos que voluntariamente e organizados, provaram que mais de dois séculos depois, um governo do povo, para o povo, e pelo povo não desapareceu da face da terra.
Esta é a sua vitória.
E eu sei que você não fez isso apenas para ganhar uma eleição. E eu sei que você não fez isso por mim.
Você fez isso porque você entende a grande tarefa que está a nossa frente. Mesmo que celebremos nesta noite, nós sabemos que os desafios que virão amanhã são os maiores de nossas vidas – Duas guerras, um planeta degradando, a maior crise financeira de um século.
Mesmo enquanto nós estamos aqui agora, nós sabemos que existem bravos americanos acordando no deserto do Iraque e nas montanhas do Afeganistão arriscando suas vidas por nós.
Existem mães e pais que deitaram depois de seus filhos adormecerem e se questionaram como irão pagar a hipoteca de suas casas e as contas dos médicos ou poupar dinheiro suficiente para pagar a universidade de seus filhos.
Existem novos meios de energia a serem explorados, novos empregos a serem criados, novas escolas para construir, as ameaças a serem encaradas, alianças a serem refeitas.
A estrada a frente será longa, e a ladeira é alta. Nós talvez não chegaremos lá em um ano ou em um mandato. Mas, América, eu nunca estive mais esperançoso do que nesta noite que chegaremos lá!
Eu prometo a você, que nós, como um povo, chegaremos lá.
Haverão passos para trás e falsos começos. Muitos não concordarão com todas as decisões e políticas que farei como presidente. E nós sabemos que o governo não pode resolver todos os problemas.
Mas sempre serei sincero com vocês sobre os desafios que nós encaramos. Eu escutarei você, especialmente quando não concordarmos. E, sobretudo, eu pedirei que você se junte ao trabalho de reconstrução desta nação, do único jeito que tem acontecido nos Estados Unidos por 221 anos – bloco por bloco, tijolo por tijolo, calo duro por calo duro.
O que começou a 21 meses no profundo inverno não pode acabar nesta noite de outono.
Apenas a vitória não é a mudança que procuramos. É somente a chance para se fazer a mudança. E não acontecerá se voltarmos ao jeito que as coisas eram.
Ela não acontecera sem você, sem um novo espírito de serviço, um novo espírito de sacrifício.
Então nos deixe adicionar um novo espírito de patriotismo, de responsabilidade, onde cada um de nós decida colaborar, e trabalhar duro e olhar para, não apenas nós mesmos, mas entre nós.
Me deixe lembrar que, se esta crise financeira nos ensinou algumas coisas, é que não pode haver fortuna em Walt Street enquanto Main Street (referencia ao povo comum) sofre.
Neste país, nós nos levantamos ou caímos como uma nação, como um povo. Resistiremos a tentação de cair no mesmo bairrismo, desinteresse e imaturidade que tem envenenado nossa política por tanto tempo.
Lembrem que foi um homem deste estado que pela primeira vez carregou a faixa do partido republicano à casa branca, um partido fundado sobre valores de resiliência e liberdade individual e união nacional.
Estes são valores que todos nós dividimos. E enquanto o partido Democrático teve uma grande vitória nesta noite, nós o fazemos com uma medida de humildade e determinação para curar as divisões que tem segurado nosso progresso.
Como Lincoln disse a uma nação muito mais dividida que a nossa, “não somos inimigos, mas amigos”. Mesmo que a paixão tenha tensionado, ela não deve quebrar nossos laços de afeição.
E aqueles americanos, a quem o apoio eu ainda tenho que merecer: eu talvez não tenha ganho seu voto hoje, mas eu escuto sua voz. Eu preciso sua ajuda. E eu serei seu presidente também.
E a todos que assistem hoje a noite além de nossos portos, de parlamentos e palácios, aqueles concentrados em torno do rádio em esquecidos cantos do mundo, nossas histórias são únicas, mas nosso destino é comum, e uma nova alvorada da liderança americana esta a distancia da mão.
Para aqueles – para aqueles que se dividiram: Nós derrotaremos vocês. Para aqueles que procuram paz e segurança: Nós apoiaremos você. E para todos aqueles que têm questionado se a tocha da América continua queimando com o mesmo brilho: Esta noite nós provamos mais uma vez que a verdadeira força de nossa nação não está no poder de nossas armas ou na escala de nossas riquezas, mas no permanente poder de nossos ideais: democracia, liberdade, oportunidade e inflexível esperança.
Este é o verdadeiro caráter dos Estados Unidos: que a América pode mudar. Nossa união pode ser aperfeiçoada. O que já conquistamos nos dá esperança para o que podemos e devemos conquistar amanhã.
Esta eleição teve muitos “primeiros” e muitas histórias que irão ser contadas por gerações. Mas uma que está na minha cabeça esta noite é sobre uma mulher que votou em Atlanta Ela e, parecida com milhões de outras que ficaram nas filas para fazer sua voz ouvida nesta eleição, exceto por uma coisa: Ann Nixon Cooper tem 106 anos.
Ela nasceu uma geração depois da escravidão, num tempo onde não existiam carros nas ruas ou aviões no céu, quando alguém como ela não podia votar por duas razões: porque ela era uma mulher e por causa da cor de sua pele.
E hoje à noite, eu penso em tudo que ela viu durante seu século na América: a dor no coração e a esperança, a dificuldade e o progresso, as vezes que nos falaram que não podemos e as pessoas que pressionaram com aquele credo americano: Sim, nós podemos! (Yes, we can – foi o slogan de campanha de Barack Obama).
Em um tempo onde a voz das mulheres não eram escutadas e suas esperanças dispensadas, ela viveu para vê-las se levantarem e fazerem sua voz ser ouvida e alcançarem as cédulas de votação. Sim, nós podemos!
Quando ouve o desespero do prato vazio e depressão sobre a terra, ela viu uma nação vencer o medo com um pacto novo (New Deal), novos trabalhos, a new sense de um propósito comum. Sim, nós podemos!
Quando as bombas caíram no nosso porto (Pearl Harbor) e tirania ameaçou o mundo, ela estava lá para testemunhar uma geração se levantar para a grandiosidade e uma democracia foi salva. Sim, nós podemos!
Ela estava lá para os ônibus em Montgomery, as casas em Birmingham, uma ponte em Selma, e um pastor de Atlanta que falou ao povo que “Nós precisamos vencer”. Sim, nós podemos!
Um homem tocou a lua, um muro caiu em Berlin, um mundo foi conectado por nossa ciência e imaginação.
E este ano, nesta eleição, ela tocou numa tela com seu dedo e votou, porque depois de 106 anos na América, através dos melhores tempos e das horas mais escuras, ela sabe que a América pode mudar.
Sim, nós podemos!
América, nós viemos tão longe! Nós vimos tanto! Mas tem tanto mais a ser feito! Então, nesta noite, pergutemos a nós mesmos: se nossos filhos viverem para ver o próximo século, se minhas filhas tiverem tanta sorte de viver tanto quanto Ann Nixon Cooper, que mudanças elas verão? Que progressos nós teremos feito?
Esta é a nossa chance de responder este chamado. Este é o nosso momento.
Este é o nosso tempo de colocar nosso povo de volta ao trabalho e abrir portas de oportunidade para nossos filhos, para reconstruir prosperidades e promover a causa da paz, para reclamar o sonho americano e reafirmar aquela verdade fundamental que, de muitos, nós somos um; que enquanto respirarmos, nós teremos esperança. E onde encontrarmos cinismo e dúvidas e aqueles que nos falam que não podemos, nós responderemos com aquele eterno credo que soma o espírito de um povo: Sim, nós podemos!
Muito Obrigado. Deus abençoe vocês. E permita que Deus abençoe os Estados Unidos da América.”