terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Vida Secas e Bolsa Familia

Fantastica materia de Juliana Krapp, JB Online.

RIO - O caçula é o livro: tem 70 anos. O mais velho, o cineasta: acaba de completar 80. O do meio é o fotógrafo: 72 nas costas.
Mas impossível chamar qualquer um dos três de “senhor”. Esbanjam juventude, com perdão do clichê. Reunidos, são o retrato do alvoroço luminoso que, vez por outra, revira as artes no país. Pura inquietude, hoje como há décadas.
Para marcar os 70 anos de lançamento do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, o Idéias promoveu o encontro do cineasta e acadêmico Nelson Pereira dos Santos com o fotógrafo Evandro Teixeira.
O primeiro transformou o livro, há 45 anos, no filme homônimo, considerado uma das obras-primas do Cinema Novo; já o segundo, um dos mais importantes fotojornalistas do país, assina o ensaio fotográfico que integra a edição especial da obra, a ser lançada na semana que vem pela Record, com imagens de Baleias, Fabianos e sinhas Vitórias de hoje, ao lado do texto original de Graciliano...

...

Evandro Teixeira combinou com o vaqueiro a morte do bode. Fotografou-a, passo a passo: o corte a faca, o derramar do sangue, o estiramento do couro. Duas horas depois do acordo, estava sentado na sombra, comendo bode ensopado, completamente à vontade.
– Foi um sonho fazer as fotos de Vidas secas. E foi fácil também. A força da fotografia facilita as coisas – conta o jornalista, que nasceu no interior da Bahia e visita a região todos os anos. – Além disso, conheço o sertão como a palma da minha mão. Sabia exatamente aonde ir.
Para Nelson Pereira dos Santos, que cresceu em São Paulo, no bairro do Brás, a experiência de rodar Vidas secas, entre 1962 e 1963, foi mais impactante:
– Eu nunca tinha visto flagelados de verdade até conhecer o sertão. Eram muitos famintos em uma mesma cidade – relembra, referindo-se também ao período em que circulou pela região para fazer documentários, ao lado do fotógrafo Hélio Silva, em 1958.
Para compor seu ensaio, Evandro fez diversas viagens, em 2008, pelo interior de Alagoas e Pernambuco, acompanhando o trajeto de Graciliano Ramos por aquelas terras.
Esteve em Quebrangulo, onde o escritor nasceu; em Buíque, onde viveu parte da infância; e em Palmeira dos Índios, de onde foi prefeito.
– Fui buscar os personagens do Graciliano, que hoje não são mais os mesmos – afirma. – A miséria ainda existe, claro. Mas o sertanejo está mais alegre, mudado. O Bolsa Família transformou a vida no sertão.
Mudados, sobretudo, por aquilo que o fotógrafo chama, na abertura do livro, de “um inegável olhar de esperança no futuro”. “Uma nova afetividade no homem do sertão” que, agora, testemunha “a convivência das parabólicas nos casebres com a tradição da fé religiosa, do jegue com a motocicleta”. É, para Evandro, “o novo velho sertão”, diferente daquele que era tão-só “árido, dramático e seco”.

...

Para ler mais click aqui

Um comentário:

DILERMArtins disse...

É estamos crescendo menos que muitos países(diz a oposição), mas com qualidade(entenda-se distribuição de renda)diz Dona Dilma(futura presidente).
Valeu a postagem!